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quinta-feira, 10 de março de 2016

TUDO É ÓBVIO (desde que você saiba a resposta), DUNCAN J. WATTS

Sempre tive problemas com o "óbvio"...
E tudo começa quando alguém me pede para explicar o que é aquilo que, para mim, é "óbvio".

Alguma vez você já tentou explicar algo que , para você, é "óbvio"?
Pois eu, já... V-Á-R-I-A-S-V-E-Z-E-S.
E toda vez que isso acontece, acabo concluindo que aquilo que, para mim, é "óbvio", trata-se tão somente de algo sobre o qual pensei muito pouco ou nada, alguma tortuosa "verdade" em que acreditei sem refletir, e... XEN-TI, como é difícil explicar o que nos parece "óbvio"!

Mas me tranquiliza perceber que não é só comigo... Porque já me reconheci, inúmeras vezes, na expressão pasma de outras pessoas colocadas na mesma situação, aquele momento de surpresa quando descobrimos que aquela questão em discussão não é "óbvia", igual, para todo mundo. E, claro, os passos seguintes, o raciocínio acelerado, descobrir que, "óbvio" é apenas algo sobre o qual não se refletiu, uma verdade alheia que se aceitou como "certa" e não se sabe nem porquê. E, então, o silêncio constrangido, seguido do tatear das palavras em busca fútil para encontrar dentro de si uma explicação que não existe, um ponto de vista que nunca foi desenvolvido.

Foi com curiosidade que comecei a ler TUDO É ÓBVIO *desde que você saiba a resposta (como o senso comum nos engana - Uma Nova Maneira de Pensar), de Duncan J. Watts (Ed. Paz e Terra, com tradição de Letícia Della Giacomo de França, 6ª Edição/Rio de Janeiro/2015). O livro me foi emprestado, quero devolvê-lo este fim de semana, então recomeço a lista das resenhas (atrasadas, rs) por este.

O livro começa muito bem, e me reconheci.
Na primeira parte, relaciona o "óbvio" ao senso comum.
E gostei do título do capítulo 4, A SABEDORIA (E A LOUCURA) DAS MULTIDÕES, discorrendo sobre como o senso comum parte de um raciocínio divulgado, a que todos aderem de uma forma generalista e coletiva, mas que tem a mesma probabilidade de estar "certo" quanto de estar "errado". Para o autor, senso comum é como um ditado popular, algo que se repete como fosse uma verdade absoluta para toda e qualquer situação, mas que, de fato, só se coaduna com determinadas situações, bem específicas.

Uma pena que, nos capítulos seguintes, o assunto anunciado no título, não continue.
E se os primeiros capítulos são ótimos... depois, acho, o autor tentou inserir outro assunto de seu agrado e interesse, as mídias sociais, que rapidamente introduz como indutoras do "senso comum", e então foge do tema.
O problema é que, ao tratar das mídias sociais, o livro passa a se preocupar mais com conceitos de "popularidade", ou do potencial da internet como veículo de pesquisas, enquanto o tema proposto no título do livro simplesmente desaparece. A dada altura, eu já não entendia mais o que o texto tinha a ver com a ideia do "óbvio", e a leitura que começou interessante, tornou-se cansativa.

Depois de arrastar semanas e não conseguir, de fato, terminar de ler o livro, ficou a sensação que, também para o autor, não foi nada fácil explicar o "óbvio".
(Bom... isso eu até entendo!)




RECLAMÓDROMO, MARÇO 2016

Quase um ano que não escrevo, mais de um ano de ininterruptas notícias deprimentes sobre corrupção e crise, mais um ano em que minhas certezas restaram dissolvidas entre ondas de calor debilitante dos verões cada vez mais quentes, temporais cada vez mais violentos, e os mesmos problemas cada vez mais arrastados. Trabalhar com computador, interagindo no mundo virtual, ainda me dá a sensação de viver dentro de um sonho, longe da realidade, sempre em dúvida sobre o que é real e o que é imaginário, o que é verdade ou mentira.

HOJE ACORDEI "RECLAMONA", entediadamente cansada da burrocracia deste mundo moderno, que constantemente muda a forma para que se esqueçam dos conteúdos. Ainda estou juntando os cacos, tentando superar mais uma "puxada de tapete", desta feita de alguém que nunca imaginei que teria razões para isso. Será que joguei metade de um ano de esforços, na lata de lixo? As pessoas me surpreendem, acho que não entendo mais o mundo em que vivo. (Ou entendo, só não gosto?)

Pois então, que se (*$&¨%#$*&#@$#*R&*&) as pessoas que reclamam de quem reclama.
INSTAURADO O RECLAMÓDROMO. 
E em público! (Embora, verdade seja dita, eu tenha dúvidas se alguém lê isso...

E, penso, vou retomar meus projetos. Aqueles projetos abandonados porque, aparentemente, ninguém se interessa por eles, e que para tocar adiante, terei que fazer em solidão. Uma palavra de incentivo, ah, isso não seria nada mal! AINDA VOU RIR DE TUDO ISSO. Voltei a ler Bukowski, porque há dois famosos que nunca entendi como se tornaram famosos. Um deles é o próprio, Charles Bukowski. O outro é Van Gogh. Como superaram uma vida de fracasso, para se tornar paradigmas? E porque eles, estes e não os tantos outros que viveram da mesma forma autêntica, porém foram esquecidos pela história?

Viu só?
Minhas certezas se tornaram dúvidas.
Que triste!