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domingo, 21 de abril de 2013

SOLO SAGRADO, de Bárbara Wood

Alguns livros conseguem provocar em mim, uma espécie de "deja vu", tão vívida me parece a história que me sinto capaz de catapultar para uma outra dimensão. Não sei dizer se é a forma de narrativa, se é a história, se são os personagens, ou se toca alguma sensibilidade oculta, talvez uma memória de minha trisatatatataravó oculta em um gene adormecido.

SOLO SAGRADO, de Bárbara Wood, foi um destes livros (li em português, tradução de Maria dos Anjos Santos Rouch, edição de 2002 da Editora Record). Eu o li em 2004, e algum tempo depois iria refazer todo um texto anterior, para que se transformasse no Diário de Lana, tentando passar para as palavras as sensações que me trouxeram esse livro.

SOLO SAGRADO é a história de duas mulheres. A primeira protagonista, contemporânea, é uma arqueóloga que encontra uma ruína e, junto, uma urna funerária e artefatos. A segunda mulher é a índia que viveu séculos antes, cujos ossos ao final seriam enterrados dentro daquela mesma urna.

A magia dos detalhes desta história talvez devam crédito à extensa pesquisa da autora sobre os costumes e a mística dos indios americanos nativos. Desta vez, os agradecimentos da autora estão no final do texto. Ali, fico sabendo que para escrever o livro, Bárbara passeou pelo Cânion Taquiz - que é mal assombrado, assistiu a uma cerimônia indígena e aprendeu a dança da pele de gamo, e estudos as culturas dos povos pala, pechanga, morongo e chumashes e das mssões indígens de Santa Inês.

Com esta base, SOLO SAGRADO cria a fictícia história da fundação de uma tribo indígena californiana. Tudo inicia quando uma jovem índia decide salvar um menino que havia sido marcado para morrer pelo xamã da aldeia. Desafiado, o curandeiro joga sobre ela e seus descendentes uma maldição, e ela é expulsa da tribo para morrer sozinha na mata. Porém, mesmo rejeitada, não se permitiu morrer como lhe determinavam as autoridades da tribo.

As descrições de paisagens são maravilhosas, as reflexões das personagens são interessantes. Mas o fio condutor do romance, é a reflexão de que nem a ciência, nem a tecnologia e nem as mudanças de costume, são capazes de mudar aquilo que somos como povo e como indivíduo. O amor, o poder, a maldade, o medo, a sobrevivência, a paixão e a necessidade de deixar sua marca no mundo, nos acompanham pelos séculos afora. O mundo pode mudar, mas nós continuamos sendo o que somos: humanos.


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