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sábado, 9 de março de 2013

UM RARO E ESTRANHO PRESENTE, de Pauline Holdstock


Há uma artista medieval cuja vida me fascina, mas praticamente não encontro informações sobre ela. Chama-se Artemísia Gentileschi, que viveu em plena Renascença, Itália do século XVI, pintou várias versões de “Judite e Holofernes”, alguns quadros sobreviveram até a modernidade.

Pois em UM RARO E ESTRANHO PRESENTE (li em português com tradução de Marina Slade, editado pela Bertrand Brasil em 2008), Pauline Holdstock criou a personagem Sofonisba apropriando-se do pouco que se sabe da vida de Artemísia, e inventando toda uma trama ao seu redor.

A história é primorosa, o texto tem uma linguagem docemente sensual, a Florença renascentista brota a cada página. A trama tem doses corretas de romance, estupro, ciúmes, desencontros, reconstituição de época e da paixão dos artistas pelas cores, formas e descobertas estéticas do Renascimento. Há um feminismo essencialmente moderno na personagem, mas verossimel pelo pouco que se conhece da artista que inspirou a trama. Os personagens tem aprofundamento psicológico, sentimos suas contradições, tão humanas, fluindo pelo texto. Por sua vez, o “raro presente” é uma história dentro da história, fala de uma moça simples, bela e meiga, mas com a pele estranhamente marcada, que raptada ainda criança, foi dada de presente a um nobre como fosse um animal exótico, e passando vários percalços acaba transferida de mãos em mãos até parar como modelo e criada do casal protagonista.

Para quem gosta de literatura e da arte renascentista italiana, esse é um romance para esquecer do mundo e viajar para outro tempo. Lindo.


E mais, um quadro de Artemísia Gentileschi, que encontrei na Internet para ilustrar esse comentário.


Artemísia Gentileschi

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