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sábado, 9 de março de 2013

O SENSUALISTA, de Bárbara Hodgson

Este é mais um livro da minha lista de romances interessantes de ler, aprendendo algo de que sabia muito pouco.

A proposta de O SENSUALISTA, UMA HISTÓRIA DE MISTÉRIO, é interessante e ousada: uma história de mistério, com toques de paranormalidade, com exacerbação de cada um dos sentidos: visão, olfato, audição, paladar e tato. (Leio o livro neste começo do ano, em português, constando que foi traduzido por quatro pessoas: Felipe Lindoso, Dinah de Azevedo, Adail Sobral e Renata Nagnolesi, na edição de 1998 da Editora Marco Zero).

A edição é primorosa. Não só pela capa mais dura de que tenho lembrança para um livro de "tamanho normal", mas principalmente pela beleza e colorido das ilustrações, com destaque para os desenhos de uma cabeça lá pela página 122, montada em três pranchas sobrepostas.

O pano de fundo da história, são os mistérios da (pouco conhecida) vida de Andreas Vesalius, um anatomista que começou a publicar em 1538, foi professor de cirurgia em Pádua e quebrou a tradição ao fazer, ele mesmo, a dissecação de um cadáver na frente de seus alunos, ao invés de simplesmente dirigir a sessão de um púlpito elevado, contestou e corrigiu Galeno, que até então, decorridos mil e quatrocentos anos, ainda era venerado como mestre supremo. Vesalius, portanto, faz parte da geração que precede e embasa o desenho de anatomia, pela via da dissecação de cadáveres, prática que será seguida mesmo sob a perseguição da Santa Inquisição, por nomes do porte de Leonardo da Vinci, entre outros.

A história, entretanto, passa na contemporaneidade. Trata de uma jovem que, cansada de um casamento com um jornalista eternamente ausente e agora desaparecido, resolve procurá-lo para decidir, de uma vez, a separação. Tudo começa quando ela toma um trem para Viena, e assim inicia uma estranha viagem, conhecendo personagens cujas vidas se entrelaçam de forma nada sutil em volta de um mistério que sempre remete ao roubo das matrizes medievais das gravuras de Vesalius, e a experiências sensitivas paranormais, tudo em uma trama com um espírito surrealista e toques macabros.

Mas confesso que, acostumada às tramas de suspense de Stephen King, de Fellita, ou à fantasia de Anne Rice ou Marion Zimmer Bradley, achei a trama um tanto cansativa a partir da metade do livro. Em vários momentos, senti mais curiosidade pela reconstituição da vida de Vesalius, que se torna parte essencial na solução do mistério em que a personagem se vê envolvida, do quê o destino que a escritora dará aos inúmeros personagens que criou.

Entretanto, para quem (como eu) nunca tinha ouvido falar de Vesalius e pouco conhecia sobre os anatomistas medievais, ou como eram realizadas as gravuras dos desenhos sobre dissecações, ou ainda, que gosta das edições experimentais de texto e imagem em romances, o livro é ótimo!




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