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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

AS MULHERES FRANCESAS NÃO ENGORDAM, de Mireille Guiliano

Fiquei na dúvida: coloco como título "MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA", ou como livro prá comentar?
Bom... fica como livro.
Mas desta feita, bem podia ser crônica do "Manual"!



Março tá chegando, daqui a pouco começa a pós, e não tem jeito: vou ter que fazer uma dietinha básica, devolver aqueles quilinhos a mais que a preguiça e festas de fim de ano deixaram comigo ali junto com os presentes.


Mas tem seu lado bom: no quesito "dietas", fiz da minha vida adulta uma persistente experiência.

Sabe, sou filha temporã, nascida quando minha mãe já completava seus 40 anos. E ela contava que, nesta época de maturidade, gravidez tardia & coisa & tal, engordou lá uns quatro ou cinco quilos acima do peso que considerava ideal, e não conseguia perdê-los, de forma alguma. Foi quando decidiu aderir a uma dieta, que na época era um modismo caro e chique, através e com acompanhamento de um médico de renome na cidade, e que prescrevia (os hoje famosos) medicamentos "tarja preta". Como prometido, mamãe emagreceu rápido, ficou alguns meses no peso ideal... e então engordou tudo de novo e mais um pouco. Mas ela não desistiu: retornou no médico, fez novamente dieta (cara), emagreceu... e alguns meses depois do tratamento, já estava engordando, tudo, de novo e mais um pouco. Nunca mais livrou-se do efeito sanfona, a dada altura desistiu das dietas caras, tentou reeducação alimentar e mais uma dúzia de opiniões, até que cansou da batalha e aceitou um corpo obeso. Na esteira da família, história similar, veio minha irmã mais velha. Três gestações, e então a história se repetia, também ela uns quatro ou cinco quilos acima do peso, a mesma fé na palavra dos médicos, a mesma dieta com prescrição "tarja preta". Também ela emagreceu rápido sob efeito da medicação, e terminado o tratamento, engordou o que havia perdido e outro tanto a mais, e a novela se repetiu.
Passei infância e adolescência assistindo às dietas e aos remédios, primeiro minha mãe, depois minha irmã. Quando me tornei adulta, já existia a mística na família de que "temos tendência à obesidade". Nunca confrontei ou discuti a opinião delas, mas em silêncio desconfiava mais da tal prescrição médica, do quê acreditava em uma explicação "genética". E decidi que, com quilos a mais ou a menos, o tal remédio "tarja preta", eu não iria tomar. Não encontrei (na verdade, pouco procurei) pesquisas que indicassem a possibilidade do aumento da obesidade como consequência dos remédios que prometiam combatê-la, mas mantive a desconfiança.

Também eu, no passar dos anos, engordei (e emagreci) os tais "quatro ou seis quilos", igualzinho ao restante da família. Motivos prá engordar nunca faltam: gestação, stress, tédio, problemas cotidianos, contas que não fecham... qualquer coisa pode detonar o prazer supremo de afogar frustrações na comida. E quando menos espero, o espelho denuncia a calça justa e a blusa torta, e pareço cansada nas mesmas atividades, como se carregasse pesos nos pés. Mas nunca tomei a tal "tarja preta". Coincidência ou não, também nunca engordei além desta média.

Foi numa época destas que encontrei a reeducação alimentar que funcionou comigo, sugerida pelo livro AS MULHERES FRANCESAS NÃO ENGORDAM, da Mireille Guiliano.

A edição brasileira (pela Editora Campus) é de 2005, e eu o comprei ainda lançamento. Gosto dele porque... bem... não é uma "dieta", e sim uma imersão em outra cultura. Não diz o quê fazer, mas "como" fazer, partindo sempre do pressuposto que mais amo na vida: EQUILÍBRIO. A verdade é que desconfio de qualquer dieta que procure "culpados", que exclua uma classe de alimentos enquanto venera outra. Ou que supervalorize somente a alimentação, quando eu sei bem que os sentimentos também pesam na balança. Ou que só compute válidos os exercícios feitos em academias pagas, desprezando as escadas dos prédios, as calçadas das ruas e a faxina de casa que estão aí prontas para ajudar, e de graça!

Já li duas vezes, o livro da Mireille. Depois, eu o guardei na estante, por anos. Tanto tempo, que já esqueci parte do que li, o que é muito bom, pois agora posso ler de novo, assim como se fosse a primeira leitura de um livro indicado por alguém. Mas algumas de suas colocações, nunca esqueci, porque parecem sirenes anunciando que estou traçando o caminho do exagero.

Há uma passagem do livro, em que ela compara americanas versus francesas, afirmando que as americanas comem muito de poucas coisas, enquanto as francesas comem pouco de muitas coisas. Essa observação foi uma luz! Não sei sobre americanas ou francesas, mas olhando prá mim mesma, não é que ela tem razão? Observei que quando estou cansada/entediada/endividada ou outro "ada" ruim, fico com preguiça de cozinhar. Então, começo a repetir os mesmos pratos, mais das vezes reduzo até para uma única opção, que se repete e repete em várias refeições. E na mesma proporção em que cozinho o mesmo tipo de refeição por duas, três, cinco ou dez vezes seguidas, também preparo porções que vão aumentando de tamanho, devagarinho, um circulo vicioso: a tensão cotidiana transformando-se em preguiça de cozinhar, que se transforma em porções cada vez maiores da mesma comida, com os mesmos temperos e o mesmo preparo, tudo virando rotina e instalando um tédio alimentar que só faz engordar.

O livro quase não traz receitas, nada de contagem de calorias, diagramas ou qualquer outro sistema chato e cansativo. Ao contrário: ensina prazeres, incentiva que se cozinhe a própria comida pesquisando temperos frescos, frutas da estação, iogurtes feitos em casa, sabores, texturas, perfumes. O lema poderia ser sumarizado: reduzir porções e aumentar sabor. Degustar com prazer, ao invés de engolir sem pensar. Não abrir mão de nada, não exagerar em coisa alguma, não se empanturrar jamais.
Nada de pensar em fazer dieta, como quem se auto-flagela, um "castigo" porque comeu demais.
Dá prá pensar diferente, como uma imersão em elegância, equilíbrio e sofisticação, e tudo fica "trés chic"!

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