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sábado, 24 de março de 2012

Carmem, de Bizet


Esta tela, fiz em homenagem à cigana Carmem, da ópera de Bizet, em 2009, enquanto participava dos ensaios do coro para o último concerto que fiz desta obra.

O trabalho foi realizado com massa corrida sobre papelão, a palheta de cores com pó xadrez (à exceção do marrom escuro, que tem uma parte de tinta acrílica, porque o pó xadrez não chegava a um tom tão escuro quanto precisei para o contraste da sombra).

Foi uma tela trabalhosa, porque dependia de conseguir uma extensa palheta de cores, a partir do branco da massa base, mais diferentes quantidades de um único tom de azul, de amarelo e de vermelho, que misturava.

Esta tela, até o fim deste mês de março de 2012, está em exposição na Galeria Ponto de Fuga, exposição URBANO, no Espaço Cultural Fidel (Curitiba/PR).












quarta-feira, 21 de março de 2012

Kbô a série dos micro contos das Confissões...

Pois cer-veja só. Kbô. A série dos micro contos das "Confissões", todos os seis, prontos e postados.
Agora, preciso decidir o quê mais vou postar neste blog. Lana tirou férias, está viajando por aí, mas ainda tenho os micro contos de seu livro, disponíveis. É uma idéia, enquanto continuo os desabafos do TCC na página das "bonecas", e me preparo prá postar, em momento oportuno, a mais nova aventura que ando montando em adobe de argila.


Vou pensar.
Até o próximo domingo, decido.

CONFISSÕES [7]






(Elaine Novaes Falco - Confissões - 1998)

sábado, 10 de março de 2012

CONFISSÕES [6]



Um dia, ela vai reconhecer!  
Ah, se vai!

Pensa que qualquer outro homem teria dado a ela tudo, como eu dei? E foi só do bom e do melhor. Mas ela nunca está satisfeita. Nunca. Que inferno! Quer separação. Pois então, é isso que terá! E vai passar fome, quero só ver! Porque nunca deu valor a nada do que teve ao meu lado. Veio fácil, muito fácil. Pensa que é assim: vai gastando, só gastando. Mas agora, isso muda. Nada mais, disso. Comigo, não.

(...)

Ah, ah! Eu falei! Está sem dinheiro até para a escola da criança. Pois eu fui lá, e paguei. Sempre dependeu de mim, não sabe como é difícil conseguir o dinheiro. Ela vai voltar. E pedindo desculpas. Quero ver. É só esperar...

(...)

Está com outro homem! Eu sabia! Que outra razão teria, para querer separação? E deve pensar, que também este pagará tudo o que ela quer, fácil como eu fazia. Boba, é o que ela é.

(...)

Ela não voltou. Não pediu mais dinheiro. Será que este outro, é rico? Vou investigar.

(...)

Ah, ah, ah! Hoje, ela chorou! Fui lá, falei com todo mundo, argumentei, todos entenderam, ela está desequilibrada. Iam arranjar emprego para ela, mas desistiram. Provei que ela é louca. Provei que ela nunca fez nada, mesmo. Fui convincente, estou convencido, só mesmo sendo louca, para querer se separar de mim. Agora, sim, ela está desmoralizada e sem dinheiro. Vai ter que voltar. De joelhos, pedindo perdão. Por menos, não a aceito de volta, arranjo outra.

(...)

Arranjei outra, mesmo. Gostosinha. Precisava me valorizar, para quando ela voltar, saber que não fiquei sozinho, sofrendo, todo esse tempo.

(...)

Está demorando, e ela não voltou. 

(...)

Fiz minhas investigações, mas ela não está com ninguém. Está sozinha. Então, porque não volta? Está sem dinheiro, eu sei. Mas é orgulhosa, também. Não faz mal. Nada como a fome, para quebrar o orgulho. Nunca soube viver sem luxos!

(...)

Resolvi pagar as contas dela. Bom, já foi minha mulher. Mãe da minha filha. Achei justo, e ela viu como sou generoso. Até sorriu prá mim. Reconheceu meu gesto, não é burra. Mas não deixei barato, foi com minha amante novinha, esfreguei na cara dela que estou com outra pessoa. Ela só sorriu, mas tenho certeza que ficou com ciúmes. Pensou que eu era de jogar fora, heim? Aposto que está arrependida. Mas não quero nem saber: estou muito bem, livre, e com o meu dinheiro, só para mim. Ou quase isso.

(...)

Que merda, lavar louça. Que adianta máquina de lavar louça, se a máquina lava a louça e a depois a gente tem que lavar a máquina? Comprei móveis novos para a casa, vou gastar mais dinheiro comigo, mereço. Eu a levei para escolher os móveis, para ver tudo o que podia ter ao meu lado, e desprezou. Ela foi, escolheu, voltou para casa, não pediu mais dinheiro. Azar o dela. Tenho certeza de que já está arrependida da separação. Mostro a ela como estou feliz, como estou bem, cheio de mulheres querendo o que ela não quer, escolhendo com qual vou ficar esta noite. Tenho certeza, está com ciúmes. Disfarça bem, mas eu sei. Eu sei.

(...)

Porque sou sempre eu quem tem que telefonar para ela? Comprei uma blusa branca no dia dos namorados. Presente de ex-namorado. Ela emagreceu, está bonita. Com certeza, faz isso para chamar a minha atenção, pensa que não sei?

Mandei cair fora a minha amante. Não sabe nem fazer sexo direito, cansei. Vou catar outra pessoa, mas antes espero um pouco, só um pouco. Porque ela está preparando terreno prá voltar, sinto isso. Me sorriu ontem, quando levei doces para a menina. Acho que vou levá-la no cinema, quem sabe a mãe não vai junto? Depois, a gente podia ir jantar...

(...)

Ela recusou o cinema. Mas não me tratou mal. Disse a ela que, se precisar de qualquer coisa, é só falar... Inclusive... Ela baixou os olhos, sorriu, com aquele jeito meigo de quando a gente namorava. Levei a menina pro cinema, feliz. Ela está arrependida. Só mais uns presentes, insistir um pouquinho. Ela se arrependeu, tenho certeza. Ela ainda me ama, eu sei. A gente não esquece tantos anos na mesma cama, assim, de repente. Posso até ter errado um pouco, reconheço. Mas, e o amor? Ela vai voltar, vai reconhecer que ainda me ama...

(Elaine Novaes Falco, CONFISSÕES, 1998)